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terça-feira, 18 de agosto de 2015

REPORTAGEM DO PROGAMA HORA 1 FALA DA FALTA DE ÁGUA DO PLANETA, E EM SÃO MIGUEL RN

Série 'Água - Planeta em Crise' debate soluções e dá exemplos.
Já tem cidade no Nordeste que vive do objetivo de conseguir água.



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ecial ‘Água – Planeta em Crise’ mostra a crise hídrica no mundo. Em parceria com o Globo Natureza, a equipe do repórter Tonico Ferreira passou 32 dias no exterior e outros 30 no Brasil para saber o que alguns países que enfrentam uma seca como o nosso estão fazendo para superar as dificuldades.

Quando a gente olha para os oceanos, para os rios e lagos, a Terra parece ter muita água. Quase 3/4 da superfície são cobertos por oceanos, de acordo com o planeta azul visto do espaço. Mas será que é tudo isso?
Na realidade, a camada de água dos oceanos é fina e, por isso, a quantidade de água é relativamente pequena. Se a Terra fosse do tamanho de uma bola de basquete, toda a água do planeta caberia dentro de uma bolinha de ping pong. E mais: dessa bolinha de ping pong, quase tudo, 97,5% é água salgada. E, desse pouquinho que sobra, 70% é agua congelada nos pólos e nas geleiras, 30% está debaixo da Terra e apenas 0,3% é água potável, acesível nos lagos e rios.
E essa água está mal distribuída. Sobra em algumas regiões e falta em outras. Somam a isso, o fato de várias regiões do mundo estarem passando por secas mais prolongadas, como o estados da Califórnia, nos Estados Unidos, que está entrando no quarto ano seguido de seca.
O ano de 2013 foi o mais seco em 120 anos, diz o climatologista do governo, Michael Anderson. Ele prevê para este ano um novo recorde de pouca chuva e altas temperaturas. O nível dos reservatórios baixou. O lago Cachuma está com 26% da capacidade e, em outubro, pode deixar de fornecer água para a cidade de Santa Bárbara.
O governador do estado, Jerry Brown, acaba de tomar medidas drásticas como a redução obrigatória de 25% no consumo de água nas cidades e o corte do fornecimento para fazendas que usam irrigação.
Tulare tem a agricultura mais produtiva da Califórnia, é uma região bastante rica. As famílias de trabalhadores que vivem em casas modestas se abastecem de água em poços, mas eles estão secando.
O poço da casa de Lala e Benjamin Luengas, da comunidade mexicana, secou em junho do ano passado. Foi um desespero. Eles não tinham US$ 25 mil para perfurar um poço profundo, ficaram seis meses sem uma gota d'água até que receberam um pequeno reservatório da organização não governamental Self-Help Enterprises. A água chega de carro-pipa duas vezes por mês, é pouco. Lala economiza na cozinha, reúsa no banheiro e os banhos são curtos.
Paul Boyer, da Self-Help Enterprises, diz que o lençol de água subterrânea, que deveria ter subido nos primeiros meses do ano, ficou estático. Para ele, a crise ainda vai piorar antes de melhorar.
Nordeste do Brasil
A situação também pode piorar no Nordeste brasileiro. Em São Miguel, Rio Grande do Norte, cidade de 23 mil habitantes, ninguém recebe mais conta de água porque ela acabou em dezembro passado quando o açude secou. E não foi sem aviso.
“Desde 2013, quando a gente só estava com 10% da capacidade da água nós demos o grito, nós pedimos socorro”, diz Adalcina Vieira, presidente da Câmara de Vereadores.
O socorro não veio. A água agora só chega em carros-pipa, carroças, motos ou na mão.
Desde que a água encanada acabou, a cidade se movimenta basicamente em torno de um objetivo: conseguir água, vender e comprar água, transportar água, carregar baldes d’água, situação que deve se manter por um bom tempo porque as autoridades locais não estão vendo uma solução em curto prazo.
Contratar um carro-pipa com 8 mil litros custa R$ 150. Quem não tem recursos, depende das cacimbas da prefeitura e é uma trabalheira. “Eu vou levar na mão”, mostra Sandra Leite Lopes, moradora da cidade. São cinco viagens da cacimba à casa dela para encher a caixa de mil litros, transtorno que seria evitado se São Miguel não dependesse de apenas um açude, construído 60 anos atrás.
Sudeste do Brasil
A crise também bateu na porta da rica região Sudeste do Brasil. Os dois maiores reservatórios que atendem a Grande São Paulo, Cantareira e Alto Tietê, estão com níveis críticos. O Cantareira, o mais importante deles, entrou no volume morto em maio do ano passado e nunca mais saiu.
O presidente da Agência Nacional de Água (ANA), Vicente Andreu Guillo, reconhece que o Brasil tem um nível muito baixo de água reservada e reclama que a legislação ambiental pouco flexível, não ajuda.
Cingapura
Cingapura não cometeu esse erro. Conservando água, uma ilha pequena que era pobre quando pertencia à Malásia, hoje é uma cidade-estado rica e high tec.
À época da Independência, 50 anos atrás, a maior parte da água consumida em Cingapura era importada da Malásia, que fica do outro lado.
Nas disputas políticas e econômicas entre os dois países, autoridades da Malásia frequentemente exploravam essa dependência com ameaças de fechar a torneira. Cingapura logo percebeu que precisava buscar a autossuficiência no abastecimento de água, questão de vida ou morte.
A brasileira Luciane Becker, há oito anos em Cingapura, só usa eletrodomésticos econômicos em água e energia. O jardim tem plantas que sobrevivem na seca e os dois filhos apreendem na escola a usar pouca água. Dá para comparar com o Brasil?
“Aqui a gente realmente tem mais consciência, o governo incentiva e até dá prêmios para as pessoas que ajudam a colocar mais ainda essa consciência de que a água é importante e que você precisa economizar”, diz.
O Papa Francisco, na recente Encíclica Laudato Si, fez um alerta contra o desperdício. "O problema da água é, em parte, uma questão educativa e cultural", disse ele.
Hoje a escassez de água afeta mais de 40% da população do nosso planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Ela prevê que, até 2025, ou seja, em apenas 10 anos, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em países ou regiões com absoluta escassez de água.
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